Em 1968 foi lançado o filme que no Brasil recebeu o nome de: O planeta dos macacos. Trata-se de um filme de ficção científica, baseado no romance de Pierre Boulle, La planète dês singes. Estrelado pelo famoso ator Charlton Heston e dirigido por Franklin J. Schaffner. O filme foi um grande sucesso, tanto que rendeu quatro sequências, mas nenhuma delas fez o mesmo sucesso do original. Além das sequências, foi criada uma série de TV nos anos 70. Em 2001 Tim Burton fez um remake do filme de 68, mas mudou alguns elementos.
O filme de 68 retrata a história de quatro tripulantes que partem da Terra em uma espaçonave que se move à velocidades próximas a da luz, para comprovar que nessa alta velocidade o tempo para eles vai passar mais devagar do que na Terra.
A espaçonave acaba caindo em um planeta desconhecido e somente três tripulantes sobrevivem. Eles acabam encontrando seres humanos que habitam esse planeta, mas os mesmo não falam. Comunicam-se através de sinais somente. Para surpresa dos cientistas da espaçonave a raça dominante do planeta são macacos, que montam cavalos, escravizam os humanos e falam (inglês, diga-se de passagem).
A cena final do filme tornou-se um marco na história do cinema, e para quem não assistiu eu vou contar nesse parágrafo, se não quiser saber pule essa parte. Trata-se de uma cena antológica e surpreendente. Pois o filme inverte várias proposições. Após serem capturados, os novos humanos são estudados pelos macacos, e esses acreditam que os macacos são descendentes dos homens. Ao descobrirem que os novos humanos defendem que em seu planeta ocorre o contrário, fica óbvio que esses humanos são caçados até a morte. No final do filme o único sobrevivente da espaçonave está fugindo (com uma bela morena muda, na garupa de seu cavalo) quando encontra, na praia, as ruínas da estátua da liberdade, conclusão: eles estavam na própria Terra o tempo todo. Como na época em que o filme foi lançado se vivia em plena guerra fria, o filme foi tratado como um aviso ao perigo de uma guerra nuclear, que poderia extinguir os humanos ou levar-nos a uma nova época das cavernas.
Lembro de ter assistido ao filme muito novo (dez ou doze anos), mas que ele me impressionou muito. A maioria da minha geração costuma lembrar bastante da série de TV, os macacos metiam muito medo na gente.
A moda há algum tempo é pegar filmes clássicos e criar uma origem, contar como a história pode ter começado. Para alguns filmes isso funcionou bem, como o Batman Begins, Dragão vermelho e Hannibal – A origem do mal (história do famoso canibal Hannibal, do filme: O silêncio dos inocentes) e recentemente X-men first class. Mas em planetas dos macacos a decepção foi grande.
Pra falar a verdade não me decepcionei não, pois já esperava um filme ruim. Não conseguia imaginar como poderiam criar uma história que justificasse a ideia de macacos evoluírem, seguindo exatamente a mesma evolução pela qual passou o homo sapiens sapiens, que somos nós.
Existem histórias que não devem ser explicadas. Não importa o que causou ou gerou o fato, assume-se o fato e cria-se uma história em cima. A explicação, se não for muito boa, pode destruir a história principal. Foi o que aconteceu com Highlander, o guerreiro imortal, de 1986, com Christopher Lambert e Sean Connery. Um filme belíssimo, uma boa história, uma linda fotografia e uma excelente trilha sonora do Queen. O filme fez tanto sucesso que resolveram continuar, fazendo talvez a pior sequência de todos os tempos: uma trilha sonora horrível, uma fotografia escura e triste, e uma explicação de porque os guerreiros eram imortais. Conclusão, fracasso total.
Nesse quesito não é o que parece estar acontecendo com O Planeta dos macacos, que nos EUA ficou na liderança das vendagens de bilheteria. Talvez por causa dos efeitos especiais que são bons. Mas a meu ver nada excepcional. A história é muito fraca e não convence. Óbvio que a opção para o domínio dos macacos foi a engenharia genética, que tornou alguns macacos gênios, da noite para o dia, e pior esses macacos se rebelaram e com lanças arrancadas das grades do zoológico venceram homens armados com poderosas armas de fogo e helicópteros.
Enfim, se as grandes companhias cinematográficas investem tanto em propaganda para tornar o filme um sucesso de bilheteria, porque não gastar um pouquinho a mais e escolher um bom roteirista que consiga ao menos criar um boa história.
Tags: armas nucleares, Boa ou má ciência, ciência e arte, Física e Arte, Física e cinema, física e diversão, física moderna, relatividade
agosto 31, 2011 às 10:03 pm |
Ótima Professor!
setembro 1, 2011 às 2:27 am |
Valeu Rogério. abraço
setembro 1, 2011 às 12:56 am |
Oi Jacó,
O mais absurdo é que a série de 1968 explica como começou o Planeta dos Macacos, e era muito melhor que essa explicação! O planeta dos macacos teve 5 sequencias, né? De Volta ao Planeta dos Macacos (1970), Fuga do Planeta dos Macacos, filme de (1971), A Conquista do Planeta dos Macacos (1972) e Batalha pelo Planeta dos Macacos (1973). Tem toda aquela coisa tosca dos humanos telepáticos, mas ainda sim gostei mais que essa, rs.. A explicação, se me lembro bem, era que os cachorros morriam em decorrência de uma doença global e ai os macacos viravam os animais e começaram paulatinamente a desenvolver uma inteligência superior. Essa é a tese do “Fuga”, mas o filme que mostra essa conquista e a conspiração que os macacos fazem (porque não é da noite para o dia) está no “Batalha”, que eu nunca vi até fim.
Abraço
Botelho
setembro 1, 2011 às 2:30 am |
POis é André, eu também não vi as sequencias, todas, só algumas, mas faz tanto tempo que nem me lembro mais qual eu vi e se vi inteiro. Talvez algum dia veja na sequencia. Estava dando uma olhada nos blogs que falam sobre cinema, e parece que estamos na contra mão, percebi muita gente elogiando. Mas ainda mantenho minha posição. É um bom entretenimento, mas está longe de ser um bom filme. Aguardo mais comentários de quem viu, principalmente de quem gostou….abraço pra você andré.
setembro 3, 2011 às 4:16 pm |
Bom dia Jacó, Realmente a história do filme não convence, ficou diga-se de passagem muito “simples”, eu me lembro vagamente da série, porém do filme de 2001 me lembro muito bem. Acredito que essa liderança de bilheteria deve-se aos efeitos especiais, é o mesmo caso do último filme dos Transformers, “história ruim X efeitos bons” Realmente concordo com você, gasta-se muito com propaganda e esquecem de contratar bons roteiristas.
Obs: No post “Viagem no tempo III e Cérebro eletrônico IV: Fazendo nossa mente viajar no tempo”, aparece o filme Vanilla sky, nunca tinha assistido, após ler , resolvi assitir e realmente ali mostra o que é um ótimo roteiro.
Abraço ,
Bruno Rodrigues
setembro 5, 2011 às 4:35 am |
OI Bruno, que bom que gostou do Vanillla Sky, eu gosto bastante, das duas versões inclusive. Mas o remake americano eu gosto mais (talvez porque eu tenha visto primeiro ele inteiro, o espanhol ou tinha visto vários pedaços, mas nunca inteiro). A direção do filme é muito bem feita, alias sou um fã daquele diretor: Cameron Crow. O cara tem um ótimo bom gosto para trilhas sonoras e dirige de forma mujito inteligente. Procure mais filmes dele, como: Quase famosos, e Tudo acontece em Elisabethtown. Abraço
jacó