Este é o centésimo post do blog 12ªDimensão. O primeiro post de 2013 completa uma centena de artigos que começaram a ser postados há quase três anos. O blog foi inaugurado em abril de 2010 e os acessos começaram (em maio de 2010) um mês depois. Recentemente publiquei um post agradecendo aos mais de 100.000 acessos. Mais uma vez agradeço a todos vocês que acessam o blog pelo pequeno sucesso que ele tem alcançado. Quero agradecer também aos comentários e às criticas que tem me ajudado a tentar deixar o site mais interessante.
Fazendo uma média simples, 100 posts em 32 meses correspondem a cerca de três posts por mês. O que é pouco, se pensarmos que tem gente que escreve diariamente. Mas aqueles que acompanham assiduamente sabem que nem todos os meus posts são meras anotações de como foi o meu dia, nem tão pouco apenas indicações de leituras ou sugestões de vídeos. A maioria dos artigos tenta cumprir a função de disponibilizar uma leitura mais qualificada, com referências confiáveis e uma linguagem acessível. Pode não parecer, mas escrever cada artigo dá muito trabalho e consome bastante tempo. Mas o resultado é muito gratificante.
Meus alunos sabem que sou um defensor da divulgação científica e um crítico dos meios de informação e entretenimento. Não me canso de dizer: “Há um caderno diário de esportes e de política em qualquer jornal, impresso ou televisivo, mas não há um caderno científico diário em praticamente nenhum jornal”.
Conversando com jornalistas a respeito dessa carência de notícias científicas, já ouvi: “As pessoas não se interessam por ciência”, ou “Os próprios cientistas não gostam de divulgar o que estão fazendo ou de falar com os jornalistas”.
Sobre as pessoas não gostarem de ciência, discordo. Elas podem até se interessar mais por esportes, mas é simplesmente porque entendem melhor de esportes do que de ciência. Um maior acesso geraria maior compreensão e com isso mais procura. Não estou aqui defendendo que a ciência deva tomar o lugar do esporte, da política, ou da seção de fofocas de socialites. Acredito que há espaços para todos.
Quanto ao argumento de que os próprios cientistas não gostam ou se negam a criar matérias para os jornais, acredito que seja verdade. Eu conheço vários que tem essa opinião. Mas a solução não é tão difícil, há diversos professores que podem fazer esse papel. O professor de ciências é o mediador entre o cientista e a sociedade. É preciso dar chance e condições para que ele possa fazer esse papel (O 12ª Dimensão só existe porque a escola em que trabalho me incentivou, inclusive financeiramente, para sua criação e manutenção).
Falar sobre ciência é muito bom e me agrada bastante. Saber que isso também cumpre uma função social é ainda mais prazeroso. O Brasil avançou muito nos últimos 20 anos. Somos a sexta economia mundial, estamos começando a diminuir a enorme desigualdade social, nossa economia vem sendo invejada por quase todo mundo. Mas não podemos nos iludir.
Conversando com uma amiga descendente grega, que tinha acabado de chegar da Grécia, no auge da crise grega, perguntei como estavam as coisas por lá, ela me respondeu: “tudo certo! Crise para os europeus é bem diferente de crise para os sul americanos, ou para os africanos, não tem ninguém morrendo de fome lá. A situação econômica está feia, mas nada comparada ao que eles já viveram em tempos de guerra”.
Nosso país avança economicamente, mas ainda estamos há anos luz de distância do que é ser uma nação minimamente educada. Estamos consumindo mais, milhões estão saindo da zona da miséria, passando de excluídos a consumidores. Esse é um passo importante, não há educação possível com barriga vazia, mas sabemos o que acontece com sociedades alimentadas somente com pão e circo.
A ciência e a tecnologia tem um papel importante na educação dessa imensa massa que vem crescendo em nosso país. E esse papel pode ser bem ruim se for o de somente prover tecnologia descartável, consumo vazio. Por exemplo: desenvolver o celular de última geração ou a TV de LED 3D, “full – HD, extra plus, 9.0 ++, power”. Criar aparelhos cujos recursos são tantos que 99% deles serão usados por menos de 0,1% das pessoas, pois elas não têm a menor ideia de que esse recurso existe ou não sabem como ativar esses inúmeros recursos.
A ciência não pode se transformar em um dogma, em algo inatingível, em algo que só alguns poucos iniciados dominam. Sei que isso já está assim. Não sou inocente a ponto de achar que todos poderão saber um pouco de cada coisa. Não é isso. Não precisamos saber como todas as coisas funcionam, para isso existem os especialistas.
O contrário, no entanto, também não é desejável. Não desejamos uma sociedade totalmente irresponsável, incapaz de tomar decisões importantes. Alguns temas possuem implicações muito sérias, algumas delas podem significar nossa continuidade ou não nesse planeta. Não podemos repetir erros que já cometemos no passado, não podemos fugir a certos debates e precisamos estar preparados para esses debates. Como? Fugindo da ignorância.
Desculpem se me exaltei e exagerei. Sei que isso é somente um blog, lido por algumas pessoas. Mas não posso deixar de acreditar que ele seja mais uma semente no meio de tantas outras, gerando plantas que darão frutos cedo ou tarde.
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janeiro 13, 2013 às 1:47 am |
Parabéns pelo 100º post professor, que venham mais 1 milhão de bons textos como esses 100 já escritos.
Parabéns pelo trabalho, o blog ta muito bom.
janeiro 13, 2013 às 3:04 pm |
Valeu Lucas, obrigado pelo incentivo.
fevereiro 25, 2013 às 4:00 pm |
Esse ficou bom demais, Jacó. Parabéns por esse outro centenário! Adriano.
fevereiro 26, 2013 às 5:51 pm |
Valeu Adriano. Abraço