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15 de outubro

outubro 10, 2012

 

Nessa próxima segunda feira se comemora o dia do professor. Muitos professores não poderão nem mesmo descansar nesse dia, pois o mesmo conta há bastante tempo, como dia letivo e ele deverá dar aula normalmente.

Não quero fazer aqui um post de queixumes. Amo minha profissão e sinto muito orgulho dela. Mas quero deixar um pequeno alerta, aliás, não sou eu quem o faz:

“Prestes a comemorar o Dia Internacional do Professor, nesta sexta-feira, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) lançou um alerta, apontando que a profissão em vários países emergentes está sob “forte ameaça” diante dos salários baixos.” 1.

O texto acima foi retirado de uma matéria do Jornal da Tarde de três de outubro de 2012, cujo título era: Professor brasileiro é dos mais mal pagos do mundo.

Segundo a matéria os baixos salários servem como um desestímulo à profissão, fazendo com que profissionais despreparados acabem sendo os responsáveis pela formação de toda uma nação.

A matéria se refere principalmente ao ensino fundamental, onde o salário é por período. No ensino médio e no ensino superior a maioria das escolas paga por hora-aula. O baixo valor dessa hora-aula praticamente obriga os professores a ministrarem uma quantidade enorme de aulas semanais, o que compromete a qualidade da preparação dessas mesmas aulas, e o aperfeiçoamento desse profissional.

Não acho que seja necessário falar da importância do professor para o desenvolvimento de um país, seja esse desenvolvimento econômico, tecnológico ou social. Como poderemos ter bons profissionais se o responsável por sua formação não está bem preparado?

Além dos baixos salários brasileiros e também por causa deles, a profissão não é valorizada nem pela maioria dos alunos, nem pela maioria dos pais dos alunos. Não falo em colocar o professor num pedestal, nem em tratá-lo como o único dono do saber. Mas em reconhecer que o ensino não se dá através de uma relação entre iguais, como diz Hannah Arendt, uma das maiores pensadoras do século XX em seu artigo: A crise na educação:

“Ora, na educação esta ambiguidade relativamente à atual perda de autoridade não pode existir. As crianças não podem recusar a autoridade dos educadores, como se estivessem oprimidas por uma maioria adulta — ainda que, efetivamente, a prática educacional moderna tenha tentado, de forma absurda, lidar com as crianças como se tratasse de uma minoria oprimida que necessita de ser libertada. Dizer que os adultos abandonaram a autoridade só pode, portanto significar uma coisa: que os adultos se recusam a assumir a responsabilidade pelo mundo em que colocaram as crianças. 2”.

Segundo Hannah Arendt o professor é possuidor de uma autoridade assegurada pelo conhecimento teórico que possui, dessa forma não se trata de uma relação entre iguais, não se trata de democracia. A autoridade (e não autoritarismo) é uma condição necessária para que o ensino aconteça.

A confusão entre autoridade e autoritarismo, a falta de respaldo por parte da instituição escolar, a desmoralização por conta dos baixos salários, o despreparo do professor, o clientelismo que tomou conta de quase todas as escolas particulares, são alguns dos motivos que fazem com que o professor seja desrespeitado em sala de aula, tornando o aprendizado e a educação algo impossível de acontecer, nessa situação.

Como reverter essa situação? Como fazer para que o professor volte a ter o respeito e a admiração que ele merece?

1 – CHADE, JAMIL.   Professor brasileiro é dos mais mal pagos do mundo – Jornal da Tarde, 03 de outubro de 2012. Capturado em http://blogs.estadao.com.br/jt-cidades/professor-brasileiro-e-dos-mais-mal-pagos-do-mundo/ – Acesso dia 10/10/2012

2 – Arendt, Hanna – A crise na educação – Disponível em: http://rede.unifreire.org/pedagogia-noturno/arquivos/hanna-arendt-a-crise-na-educacao.pdf  – acesso em 10/10/2012

 

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