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Física Para Poetas – Marcelo Gleiser e a Divulgação Científica

setembro 3, 2020

Em um momento tão difícil para ciência no Brasil e no mundo, com corte de verbas e um tremendo negacionismo científico o físico brasileiro Marcelo Gleiser abre mão de seu valioso tempo como professor, pesquisador e escritor para abrir e apresentar um canal no youtube, o “Física para poetas”: https://www.youtube.com/watch?v=BpBJLbbpR3w

Nesse canal ele dá um curso sobre a história da Física através dos filósofos e físicos que participaram das mais importantes ideias que ajudaram a construir essa área tão importante da Ciência.

Em momentos de tanta notícia falsa, de tantos canais ruins e bobos, ter algo de qualidade é muito importante.

Os temas das aulas não são novidades para quem leu seu livro “A dança do universo”, elas são baseadas diretamente nele, mas com uma certa atualização e o melhor: uma aula é quase sempre muito mais rica do que a leitura do livro, pois nela há um ser humano interagindo, lembrando de coisas, tecendo comentários e estabelecendo relações que no livro nem sempre é possível fazer.

Segue abaixo a descrição de Marcelo Gleiser tirada da wikipedia:

Marcelo Gleiser (Rio de Janeiro, 19 de março de 1959) é um físicoastrônomoprofessorescritor e roteirista brasileiro, atualmente pesquisador e professor da Faculdade de Dartmouth, nos Estados Unidos. É membro e ex-conselheiro geral da American Physical Society.

Conhecido nos Estados Unidos por suas aulas e pesquisas científicas, no Brasil é mais popular por suas colunas de divulgação científica no jornal Folha de S.Paulo.[1] Escreveu oito livros e publicou três coletâneas de artigos. Participou de programas de televisão dos Estados Unidos, da Inglaterra e do Brasil, entre eles, Fantástico.

Marcelo recebeu o Prêmio Jabuti em 1998, pelo livro A Dança do Universo, e em 2002 por O Fim da Terra e do Céu. Em 2007, foi eleito membro da Academia Brasileira de Filosofia. Em março de 2019, tornou-se o primeiro latino-americano a ser contemplado com o Prêmio Templeton,[2] tido informalmente como o “Nobel da espiritualidade”.[3]

Wikipédia: Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Marcelo_Gleiser – Acesso em 02/09/2020

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Quando a Ciência faz falta

julho 10, 2019

Resultado de imagem para o mundo assombrado pelos demonios

Um livro clássico de um dos maiores divulgadores da Ciência: Carl Sagan – Uma defesa apaixonada da Ciência e um alerta contra os riscos do analfabetismo científico 

Ontem (09/07/2019) eu recebi um vídeo do Iberê Thenório, youtuber que apresenta o famoso programa “Manual do Mundo” que, aliás, eu recomendo com veemência principalmente para as crianças. Nesse vídeo Iberê dá 15 dicas para não morrer de frio em casa: https://www.youtube.com/watch?v=nd_3GVsZmMw

Algumas das dicas são bastante óbvias, mas o interessante é que antes de fornecê-las ele conta um caso que aconteceu com ele, chamando a atenção para o perigoso fato de usar algo que entra em combustão para se aquecer, quando estamos em um lugar fechado. O risco de se morrer por asfixia é muito grande. Ainda no vídeo ele argumenta que isso não é tão improvável como podemos imaginar, citando várias manchetes de casos onde fatalidades ocorreram.

Infelizmente no dia de hoje acabo de ver no telejornal mais uma notícia trágica provocada pelo mesmo motivo: um casal e um bebê morrem em Guarulhos, provavelmente por asfixia, devido a queima de carvão em uma churrasqueira colocada no quarto:https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2019/07/10/casal-e-crianca-sao-encontrados-mortos-dentro-de-casa-com-churrasqueira-acesa-em-guarulhos.ghtml.

A perícia ainda não foi feita, mas o mais provável, segundo a reportagem, é que eles tenham sido asfixiados pela fumaça do carvão.

Peço perdão por ficar tanto tempo sem escrever e por voltar justamente com uma notícia tão trágica, já comecei diversos posts e acabo nunca terminando de forma satisfatória e assim o blog foi ficando totalmente desatualizado. Mas essa notícia, logo após aquele vídeo, ficou “gritando em minha cabeça” e me fez sentar aqui e tentar concluir um post sobre uma contradição muito grande que estamos vivendo como sociedade.

A internet permite a divulgação de notícias de uma forma inédita e poderíamos achar que com a massificação de seu uso uma grande revolução na divulgação de conhecimento aconteceria. Sem dúvidas não podemos negar que isso está acontecendo, ainda que eu não ache que seja uma revolução, mas ao mesmo tempo uma onda gigantesca de notícias falsas se espalha e o pior: uma corrente de desinformação que nega dados e fatos científicos torna-se cada vez mais comum e cresce de forma assustadora.

Não vou falar aqui sobre “fake News” nem sobre teorias da conspiração (já fiz vários posts sobre isso mas estão entre aqueles que não cheguei a terminar). Minha preocupação hoje é com algo mais básico, mais simples, e mais triste: O desconhecimento de noções básicas de Ciência.

É inegável que aprendemos noções básicas de sobrevivência e mesmo o senso comum nos ensina muita coisa. Nas aulas da licenciatura aprendemos que não devemos considerar os alunos como tábula rasa e sempre incentivá-los a nos trazer os conhecimentos prévios.

Não sei dizer se dentro do conjunto de noções básicas que aprendemos está “não produzir fogo dentro de um ambiente fechado”, mas me lembro de coisas como: “Não tome banho logo depois de comer”, “não misture leite com manga”, não coloque plantas no quarto onde se dorme”. Esses alertas são todos falsos ou exagerados e cada um deles possui uma explicação de como surgiram ou hipóteses para o seu surgimento.

É muito comum o uso do fogo para nos aquecer, principalmente à noite. Fogueiras em acampamentos e lareiras são utilizadas desde que nossos antepassados descobriram como dominar o fogo. Talvez por isso as pessoas não se deem conta do perigo que isso pode trazer quando levamos o fogo para um ambiente fechado.

O que eu realmente gostaria de refletir com vocês é sobre o seguinte, entre todos os experimentos simples que fazemos ou mencionamos na escola, um dos mais famosos é o de cobrir uma vela acesa com um copo. Não importa se estou falando com uma classe de crianças de 10 anos, de adolescentes ou de adultos, o comentário, antes mesmo que eu faça a pergunta é quase sempre unânime: a vela vai se apagar. E a grande maioria da sala sabe corretamente o por que dela se apagar: falta oxigênio.

A chama da vela, como qualquer combustão exige: combustível, calor e oxigênio para se manter. Estando em um ambiente fechado o oxigênio vai sendo consumido.

Essa experiência deveria soar como um alerta para que as pessoas não fizessem fogo ou queimassem coisas em ambientes fechados, mas infelizmente essa transferência de conhecimento parece não acontecer.

Essa separação entre o que aprendemos em Ciências e sua aplicação no mundo real vem sendo discutida na educação há bastante tempo, e até já evoluímos um pouco. A internet, principalmente com programas como o Manual do Mundo e outros, contribui bastante para essa divulgação. Porém essa corrente contrária, que joga contra, que dissimula teorias da conspiração, que propaga pseudociências e notícias sensacionalistas parece ser muito maior.

Qual seria o motivo de darmos mais importância ao sensacionalismo mentiroso do que as notícias realmente importantes? Por que a Ciência atrai menos do que o “reality show” ou notícias de fofoca?

Uma possível explicação seja o fato de que a Ciência não é tão simples, e que os cientistas também não se contenham em “meias verdades”. Queremos sempre explicar os detalhes, e deixar claro que não são verdades absolutas. Voltando ao caso citado da asfixia: A explicação para a morte de pessoas em um quarto fechado não se deve a “queima de todo o oxigênio do quarto” como poderíamos achar a partir do experimento do copo. A questão é mais complicada.

A queima de um combustível orgânico como carvão, vela, gasolina ou álcool sempre libera dióxido de carbono e água. Mas quando a combustão é incompleta outro gás é também liberado, o monóxido de carbono. Esse gás é o responsável pela asfixia. Uma vez inalado ele se une a hemoglobina a qual é responsável pelo transporte de oxigênio para as células. Ao se ligar ao monóxido de carbono não ocorrerá a ligação com o oxigênio da nossa respiração, ocorrendo assim a asfixia.

A busca por respostas simples e fáceis ao invés de uma extensa explicação pode ser o motivo dessa fuga pelo interesse da Ciência? Ou será a necessidade do fantástico, do misterioso do sensacional? Ou apenas preguiça de ter que pensar um pouco mais?

A psicologia social talvez tenha essas respostas. Eu não as tenho e me preocupa muito o fato de que vários alunos de engenharia agem também dessa maneira preguiçosa. Engenharia, Medicina, Computação são áreas que dependem totalmente da Ciência. Como pode um aluno desses cursos não se interessar por Ciência? Como podem não valorizar a raiz de suas profissões?

Nossa sociedade precisa de poesia, arte, esportes, economia, saúde, educação, música,  história, nutrição, sexo, entretenimento, filosofia e tantos outros saberes. A Ciência é só mais um desses saberes. Mas cada uma dessas coisas é que nos faz diferente dos outros animais. Cada área do conhecimento faz parte de nossa cultura. Cada uma delas faz falta. Não deveria ser preciso escrever sobre isso. Não deveria ser necessário lutar para garantir que TODOS tenhamos acesso a cada uma delas.

A Ciência faz parte de nossa cultura. Negá-la faz de você menos humano. Como indivíduo,  Ignorá-la pode ser perigoso. Como sociedade, menosprezá-la será um desastre.

Como me tornei um físico

janeiro 2, 2018

            Quando eu era criança a resposta pronta para: “O que você quer ser quando crescer?” era sempre a mesma: médico.

            E até hoje ainda sou apaixonado por medicina, mas não sou frustrado com isso não, tenho certeza que se tivesse feito medicina, ainda assim seria um professor.

            Tenho uma lembrança nítida de um dia em que olhando para um jogo que tinha o desenho de várias profissões, pensei: “vou ser um cientista” (a figura era de um homem de jaleco branco cercado por tubos de ensaio, a visão clássica de cientista, no caso um químico).

            Desisti da medicina quando comecei a trabalhar aos catorze anos na Escola Politécnica da USP, numa Fundação. Eu era um office boy, profissão que foi praticamente substituída pelo motoboy. Como a Fundação era de engenharia e eu trabalhava com vários engenheiros, mudei de ideia e meu primeiro vestibular foi para engenharia elétrica. Felizmente não passei.

            No cursinho percebi que ser professor tinha muito a ver comigo, e cheguei a pensar em história e biologia, mas meu gosto pela matemática me fez decidir por física.

            No primeiro ano do curso percebi que não conhecia nada da profissão que tinha escolhido. O que fazia um físico? Eu não tinha a menor ideia, e me surpreendi com tantas opções. Havia tantas áreas de atuação e outras que eu nem sabia da existência. Já no segundo ano da faculdade comecei a lecionar e tive a certeza de que essa era a minha verdadeira vocação.

            Hoje não atuo mais como físico, na verdade foram apenas oito anos fazendo pesquisa. Mas o espírito científico continua vivo.

            Como professor de física meu principal objetivo é tentar despertar o cientista que pode ter ficado adormecido em cada aluno (já que toda criança é um mini cientista), alguns ainda trazem aquela curiosidade natural e a vontade de fazer experimentos, mas a maioria se acomodou ou descobriu outras paixões como a literatura, a arte, os esportes, etc.

            Uma vez um professor de computação mencionou que os físicos se davam muito bem na área da computação porque uma faculdade específica nessa área pode formar bons programadores, mas a faculdade de física prepara os alunos para resolver problemas e um bom programa de computação consiste em um problema a ser resolvido.

Talvez por isso seja fácil encontrar físicos atuando nos mais diversos ramos profissionais, muitas vezes bem distantes dos laboratórios. Onde houver um problema a ser resolvido chame um físico, que ele poderá lhe ajudar. Somos movidos a desafios, principalmente quando envolvem a lógica ou um determinado padrão.

            A profissão de físico pode ser dividida em duas: a Física Teórica e a Física Experimental. Na primeira o pesquisador usará muita matemática e provavelmente simulações em computadores para criar um modelo explicativo para algum fenômeno. Na segunda, o pesquisador desenvolverá experimentos, normalmente em grupo, para testar algum modelo teórico, ou para investigar alguma propriedade. Claro que estou sendo bastante simplista, há outras possibilidades, e existem físicos que transitam bem nas duas partes.

            Também temos a divisão entre o especialista, que sabe muito de algo muito específico, e o generalista que sabe pouco de muita coisa. Normalmente o generalista é um bom divulgador da ciência, alguém que tenta traduzir para a sociedade o trabalho do especialista.

            Como professor de física do ensino médio, tento fazer a função do generalista. Na faculdade de engenharia, isso é um pouco mais difícil, há um programa muito mais rígido a ser seguido, mas ainda assim tento lembrar aos alunos que as especializações são necessárias, mas que não podemos esquecer que sem uma visão global não há uma verdadeira compreensão.

            Física, Química, Biologia, Matemática, Ciências Humanas, Filosofia, Literatura, Música, Teatro, Pintura e outras expressões artísticas, tudo isso faz parte de nossa cultura. A nossa tentativa de procurar um significado para além da simples subsistência como ser vivo.

            Quando digo que sou professor e me perguntam de que matéria, é comum que eu veja uma careta ao mencionar que leciono Física. Provavelmente porque a visão compartimentada da Ciência mostrando a Física como uma matéria difícil e hermética não ajude. Infelizmente alguns físicos gostam dessa visão, talvez porque se sintam pertencentes a um clube fechado, em que apenas eles têm acesso.

            Claro que isso é uma visão errônea, qualquer área pode ser hermética. Há especificidades e dificuldades em qualquer área do conhecimento.

            Felizmente isso está mudando, as caretas estão diminuindo e algumas pessoas até ficam animadas ao ouvirem a palavra Física. O cinema e a Física Quântica tem um grande papel nisso, mas acredito que os principais responsáveis por essa mudança são os professores de Física.

 

 

Black Mirror – a mais imperdível das séries

janeiro 26, 2017

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Leitores queridos, mil desculpas por deixar o blog tanto tempo parado. Nesse ano novidades acontecerão: Trarei convidados para me ajudarem a manter o blog mais ativo.

Resolvi abrir o ano falando sobre essa série, que não posso considerar como a melhor série de todos os tempos porque seria uma tremenda injustiça com Game of Thrones.

Por que falar sobre séries em um blog de ciência e tecnologia?

Porque o tema de Black Mirror é justamente um olhar crítico sobre a tecnologia. É uma série que pode ser vista com calma (não há aquele risco de “não consigo parar de ver”), cada episódio é independente um do outro. Nem mesmo os atores são os mesmos. A única coisa que liga um episódio ao outro é a questão da tecnologia um pouco avançada (em alguns episódios talvez bastante avançada). Apesar de ser de ficção científica a série não é ambientada em um futuro muito distante.

A distopia está presente em praticamente todos episódios. Mais do que uma crítica, é uma espécie de alarme: “olhe onde podemos chegar”, “estamos caminhando para isso?”

Black Mirror foi criada pela TV britânica Zeppotron em 2011, por Charllie Brooker, que lançou duas temporadas, cada uma com apenas três episódios e então foi adquirida pela Netflix que produziu a terceira temporada com seis episódios.

Apesar de estar situada um pouco no futuro, com avanços tecnológicos que hoje ainda não existem, os episódios acertam em cheio em questões bem atuais e nos dramas que nossa sociedade enfrenta: superexposição, necessidade de aceitação, banalização dos direitos humanos, invasão de privacidade, os reality shows e as redes sociais.

Pensei em contar um pouco sobre alguns episódios, mas é impossível descrever o sentimento que nos toma após o término de cada episódio. Talvez por isso seja uma série pra se ver devagar, pensando sobre o que acabamos de ver, e que nos perturbou tanto. Não é uma perturbação por ser violenta ou por causar medo do sobrenatural, é uma incômoda porque nos reconhecemos naquelas atitudes, ou porque percebamos que nossa sociedade está caminhando para aquilo, uma caminhada bem preocupante.

Não é preciso dizer como o celular causou impacto em nossa sociedade. A série explora a possibilidade de outras tecnologias (algumas que até já existem) impactarem ainda mais. Muito difícil terminar de ver um episódio e não desejar discutir com alguém sobre aquilo.

Fica o convite para que você assista e volte aqui e deixe seu comentário. Diga qual episódio gostou mais. Podemos falar também sobre o quão distante está aquela tecnologia.

O episódio que eu mais tinha gostado foi justamente o primeiro que assisti: Episódio 3 da primeira temporada:  “The entire history of you”: Toda sua história. Vi fora da ordem, não há nenhuma necessidade de ver na ordem.

Mas após assistir à terceira temporada completa, meu preferido se tornou o episódio 6 desta última: “Hated in the Nation”: Odiados pela nação.

Se você gosta de um bom drama (não melodrama), gosta de tecnologia, ou não gosta de tecnologia. Então gostará de Black Mirror.

 

Um pouco mais sobre ondas gravitacionais

fevereiro 24, 2016

Dada a importância do assunto resolvi indicar mais alguns vídeos que abordam o assunto e que explicam de forma simplificada como funcionam os detectores das ondas gravitacionais.

Vários vídeos estão disponíveis no youtube e vários alunos estão me indicando o canal Nerdologia. (https://www.youtube.com/user/nerdologia). Eu assisti ao vídeo desse canal sobre ondas gravitacionais, porém não recomendo. Além de alguns errinhos conceituais, ele fala muito rápido e acaba reforçando aquela ideia de que Física é algo impossível de se entender.

Gostei muito desse vídeo que me foi apresentado por um aluno (valeu Danilo Salgado):

Ele aborda de forma tranquila e numa linguagem acessível o que são as ondas gravitacionais e como os aparelhos puderam detectar sua presença (além disso está legendado em português).

O segundo vídeo é muito legal, pois foi produzido pelo próprio laboratório LIGO, responsável pela descoberta e apresenta imagens reais do laboratório e com os principais pesquisadores envolvidos no projeto:

Infelizmente ele não tem legendas em português.

Esse terceiro vídeo também não possui legendas em português, mas as imagens são muito interessantes e representa como a onda gravitacional foi gerada quando os dois buracos negros colidiram, além disso ele também explica com um pouco mais de detalhe como os detectores funcionam:

Esse último vídeo acaba sendo redundante, mas estou indicando porque é apresentado pelo Brian Greene, autor do livro: “O universo elegante” (disponível também em vídeo no youtube), na minha opinião o melhor livro para se entender a Teoria da Relatividade e A mecânica quântica. Diferentemente de Stephen Hawking , Greene sabe escrever para leigos e usa analogias muito interessantes e ao mesmo tempo é extremamente rigoroso.

Espero que os vídeos ajudem a entender o que são essas ondas. Para entender o porque da importância da descoberta não deixe de ler o post anterior:

https://12dimensao.wordpress.com/2016/02/15/ondas-gravitacionais-einstein-estava-certo-mais-uma-vez/

Aguardo comentários com dúvidas e críticas sobre os vídeos.

 

Ondas Gravitacionais – Einstein estava certo (mais uma vez)

fevereiro 15, 2016
Representação da colisão de dois buracos negros e as ondas gravitacionais geradas pela colisão. (Imagem obtida em:  http://zap.aeiou.pt/wp-content/uploads/2016/01/5473656dd269b9b39e084fcf99c19ce4-783×450.jpg)

Quando pergunto aos meus alunos: Como Aristóteles explicava a queda de uma pedra?

Vários deles respondem: Gravidade!

Nessa hora da vontade de ser irônico e dizer:  Isso!!!! Aristóteles inventou uma máquina do tempo, viajou quase dois mil anos e ficou sabendo sobre os trabalhos de Sir Isaac Newton.

Lei da Gravitação Universal, talvez uma das leis mais básicas da Física, e tão mal compreendida. Um exemplo disso é o número de vezes que ouvimos na TV mencionarem que os objetos flutuam, na estação espacial, porque lá não existe gravidade. Se fosse verdade a estação espacial estaria perdida no espaço. Ela está em órbita justamente porque existe uma força que a prende a Terra, a força da gravidade.

Engana-se quem acha que a Lei da gravitação de Newton explica porque as coisas caem. Ela nos mostra como a força atua, mas não o porque.

Mas esse não é um post para julgar as pessoas, as leis da física não são assim tão fáceis de serem entendidas (o que é verdade para qualquer grande conceito). O importante é que a grande maioria das pessoas, que estudaram o mínimo de ciência, sabe que não caímos do planeta porque existe uma força que nos mantém presos a ele. Aqueles mais curiosos talvez saibam que essa lei já foi substituída por outra lei mais geral, que aboliu o conceito de força: A Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein.

Nessa “nova” teoria (as aspas se devem ao fato de que ela acaba de completar cem anos) Einstein troca o conceito de força gravitacional pelo conceito de campo gravitacional.  A Terra, por ter uma massa muito grande comparada a de nossos corpos, cria uma deformação no espaço que obriga esses corpos a permanecerem em sua superfície. É uma idéia muito abstrata e de difícil compreensão. Como imaginar que o espaço, sempre considerado como algo vazio, possa ser curvado?

A imagem abaixo talvez ajude a visualizar essa curvatura, mas ela é apenas uma representação, uma vez que nessa figura o espaço seria bidimensional e a curvatura ocorre na terceira dimensão. Considerando o espaço real com três dimensões, a curvatura teria que ocorrer numa outra dimensão que é impossível para nós se quer imaginar.

Imagem que tenta representar a deformação do espaço-tempo que dá origem a gravidade, segundo o modelo de Einstein. O satélite (evidentemente fora de escala) está preso ao campo gravitacional por conta dessa deformação e não por ação de uma força que parte do planeta. Imagem disponível em: https://imgnzn-a.akamaized.net/2013/10/07/07115551610.jpg

Einstein teve essa idéia de espaço curvo em 1907 na tentativa de incluir a gravitação em sua Teoria da Relatividade Restrita, publicada em 1905.  Mas o que torna uma idéia uma teoria é seu poder de previsão e verificação experimental, e na física isso é feito através de um modelo matemático que sustente a teoria. Einstein sabia disso e levou oito anos para construir e terminar seu arcabouço matemático, que concluiu em 1915.

Apesar da dificuldade matemática dessa teoria mais geral, a idéia inicial de espaço curvo podia ser testada experimentalmente e isso foi feito em 1919, aqui no Brasil, por uma equipe inglesa. Nesse experimento, a luz de uma estrela foi desviada ao passar próxima ao Sol e o desvio entre a posição real da estrela e a posição observada durante um eclipse pode ser comparada. O valor desse desvio coincidia quase que exatamente com o calculado pela Teoria da Relatividade, tornando Einstein o cientista mais famoso do século XX e talvez da história.

Ao longo desses cem anos, diferentes experimentos foram pensados e testados e todos eles comprovaram as idéias de Einstein, no entanto uma importante previsão, feita por ele antes mesmo de concluir sua Teoria Geral da Relatividade, aguardava uma comprovação experimental, a previsão de que corpos maciços movendo-se através do espaço gerariam ondas gravitacionais.

A curvatura do espaço-tempo é provocada por qualquer porção de matéria, mas como a gravidade é uma força extremamente fraca (se comparada, por exemplo, com a força eletromagnética), faz-se necessário uma massa enorme para que a deformação seja perceptível. A atração gravitacional entre você e a parede mais próxima existe, mas ela é bilhões de vezes mais fraca do que a gravidade que o planeta exerce sobre você.

Quando massas enormes se movem através do espaço ondulações são criadas. Assim como quando você perturba a superfície de uma piscina. Essas perturbações do espaço são as ondas gravitacionais, previstas por Einstein e detectadas em setembro de 2015 e anunciadas em 11 de fevereiro de 2016.

Representação computacional da colisão de dois buracos negros produzindo intensas ondas gravitacionais

Uma semana antes do anuncio eu comecei a escrever esse post e era justamente para falar sobre a gravidade. O motivo veio de outra notícia: a possibilidade teórica de se controlar a gravidade. No dia 10/02/2016  vi um chamado de que no dia seguinte seria anunciada uma grande descoberta, a provável detecção das ondas gravitacionais, isso me fez mudar o enfoque do tema.

Mas por que a detecção dessas tais ondas é tão importante?

A comprovação de que a Teoria da Relatividade esta certa é uma boa notícia para a Física, mas isso já vem ocorrendo a quase cem anos, de diferentes maneiras. A importância da descoberta esta na incrível possibilidade de investigar o espaço sideral de um jeito totalmente novo.

Durante milhares de anos os seres humanos olharam para o céu a olho nu.

Com a invenção do telescópio novas descobertas foram feitas, como a percepção de que a Via Lactea é apenas uma dentre mais de trilhões de galáxias e que o universo está em expansão.

Depois vieram os radiotelescópios, a possibilidade de observar o céu em outras freqüências não visíveis aos olhos humanos, o raio-X, a radiação infravermelho, radiação gama e ondas de radio.  A luz visível é apenas uma das muitas radiações do espectro eletromagnético (vide figura ).

Espectro eletromagnético. Reparem que a luz visível ocupa uma estreita faixa de todo o espectro de radiação

A detecção de ondas gravitacionais permitirá a observação de regiões que não são “visíveis” pela radiação eletromagnética. O cientista Odylio Aguiar, um dos pesquisadores brasileiros que participa do projeto LIGO (sigla de Observatório de ondas gravitacionais por interferômetro Laser), laboratório responsável pela detecção do sinal, fez uma declaração que está confundindo algumas pessoas, segundo ele:

“São frequências em ondas gravitacionais que, jogadas em um alto-falante, são possíveis de escutar. As ondas gravitacionais permitem que nós possamos ouvir o universo. Vamos conseguir ouvir coisas que a gente não consegue ver”1.

Alguns alunos me perguntaram se estamos ouvindo as ondas gravitacionais.

Vou tentar explicar onde está a confusão:

A definição clássica de onda é: uma perturbação que se propaga sem transporte de matéria. Ainda segundo a física classica elas são divididas em ondas mecânicas e eletromagnéticas. As ondas mecânicas são provocadas por perturbações mecânicas (movimento), como o som. A vibração das cordas vocais provoca uma perturbação no ar que se propaga até nossos ouvidos. Assim podemos ouvir a voz de uma pessoa que está falando. Toda onda mecânica precisa de um meio de propagação, pois são as moléculas desse meio que estão vibrando quando ocorre a passagem da onda.

Já uma onda eletromagnética não precisa de um meio de propagação, elas são oscilações do próprio espaço-tempo, causadas pela vibração de campos elétricos e magnéticos (cargas elétricas ou imãs em movimento).

Agora já podemos afirmar que outro tipo de onda existe. As ondas gravitacionais, que assim como as eletromagnéticas são oscilações do próprio espaço-tempo, porém causadas pela vibração de campos gravitacionais (corpos de grandes massas em movimento).

As ondas gravitacionais não podem ser ouvidas diretamente, elas não são o som (lembrem-se que no espaço há vácuo, logo o som não pode se propagar ali). Mas assim como podemos converter um sinal eletromagnético da antena de um celular para um som que sai por seu alto-falante , podemos converter as ondas gravitacionais em som. Isso realmente foi feito, mas não tem nenhum significado, não é realmente o “som” do universo.

A confusão está ocorrendo porque ao noticiarem a descoberta os cientistas do projeto converteram as ondas detectadas em um som audível e também porque estão usando uma analogia para explicar a importância da descoberta:

Assim como nós usamos os diferentes sentidos para conhecermos o mundo, a astronomia estava baseada até hoje somente na “visão” (uso de ondas eletromagnéticas). Agora temos outro tipo de onda, como se fosse um outro sentido, a audição ou o tato. As ondas gravitacionais, junto com as ondas eletromagnéticas vão permitir uma compreensão melhor do universo e avançar os estudos da astronomia. Quando o cientista diz “até agora estávamos surdos para o universo e agora passamos a ouvi-lo”, ele está querendo dizer que uma nova forma de investigação está sendo aberta. Não posso visualizar meu vizinho no andar de cima, mas posso ouvi-lo. Da mesma forma, uma onda gravitacional pode atravessar barreiras que as ondas eletromagnéticas não atravessam, como por exemplo, os buracos negros.

A importância da descoberta pode ser verificada também pelos números: o projeto inclui 15 países e foi orçado em cerca de 620 milhões de dólares. Demorou mais de quarenta anos desde a concepção até a detecção. Não vou entrar em detalhes técnicos de como a descoberta foi feita, posso explicar nos comentários, se alguém desejar (o vídeo abaixo também ajuda a entender). Só para se ter uma base de como ele é delicado, são na verdade dois laboratórios quase idênticos, separados por mais de 3.000 km de distância, e cada laboratório possui 4 km de tubos. Além do LIGO outros projetos parecidos estão em etapa de conclusão em outros lugares do mundo.

O projeto entrou em operação em 2002 e só após uma reforma, para melhorar sua precisão, foi possível a detecção do primeiro evento em setembro de 2015. Para evitar um alarme falso os cientistas aguardaram as revisões e confirmação da pesquisa até o dia 11 de fevereiro de 2016 quando finalmente foi anunciada a descoberta.

Entre os idealizadores do projeto está Kip Thorne, físico que ficou famoso depois do filme Interestelar, em que foi consultor científico e produtor, além de escritor do livro “A ciência de interestelar” (veja o post: Interestelar, há muito tempo não víamos um filme assim.

link para post sobre o filme

Sobre a outra notícia que iniciou originalmente o post vou falar rapidamente, Um físico da universidade de Namur na Bélgica publicou em dezembro do ano passado2 um artigo onde demonstra com vários cálculos matemáticos a possibilidade teórica de manipularmos a gravidade, algo até então só visto nos filmes e na literatura de ficção científica.

Imagine apertar um botão e desligar a gravidade de um automóvel, ele passaria então a flutuar. Ou então criar artificialmente gravidade em estações espaciais ou naves tripuladas. Isso tudo ainda está no campo da ficção mas Andre Fuzfa mostrou, usando a Teoria da Relatividade de Einstein que é possível construir uma máquina que cria e controla a gravidade, usando  para isso fortes campos eletromagnéticos.

Mais do que novas formas de transporte, se o campo gravitacional realmente puder ser controlado as aplicações tecnológicas são inimagináveis, poderíamos usar ondas gravitacionais (do mesmo tipo que acabaram de detectar no LIGO) para transmitir informações, assim como hoje usamos as ondas eletromagnéticas como as do rádio e dos celulares. As vantagens são muitas, mas as dificuldades são maiores ainda. Como já mencionado acima, a força gravitacional é extremamente fraca e por isso seria necessário campos eletromagnéticos muito intensos para criar fraquíssimos campos gravitacionais.

Por enquanto o artigo abre a possibilidade de possíveis aplicações em laboratório, testando as leis da física e ajudando a entender melhor esses modelos teóricos.

O ano de 2016 começa brilhante para a Física, uma nova janela se abre para o céu. Uma nova área tecnológica surgirá. A história nos mostra que previsões, principalmente no campo da ciência e tecnologia costumam errar e muito. Mas é impossível não imaginar que estamos diante de um marco, que será lembrado por muito tempo e fará parte dos futuros livros de física do ensino médio.

Referencias bibliográficas:

1 – Ondas gravitacionais podem permitir viagem no tempo, diz pesquisador  – Página do G1  Disponível em : http://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2016/02/ondas-gravitacionais-podem-permitir-viagem-no-tempo-diz-pesquisador.html Acesso em 14/02/2016

2 –  Fuzfa,  Andre  – How Current Loops and Solenoids Curve Space-time – Physical Review D Vol.: 93, 024014– Disponível em : http://arxiv.org/pdf/1504.00333v3.pdf

3 – http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=aparelho-pratico-controlar-gravidade&id=010130160122&ebol=sim#.VsEQh1QrKM9 acesso em 14/02/20164 –

4 – http://phys.org/news/2016-01-paper-method-gravitational-fields.html acesso em 14/02/2016

5 – http://super.abril.com.br/ciencia/matematico-propoe-maneira-de-criar-e-manipular-a-gravidade acesso em 1/02/2016

 

 

 

 

FOTOGRAFIA QUÂNTICA: FEITO BRASILEIRO

setembro 25, 2014

foto quantica

A máquina fotográfica não foi uma invenção brasileira, mas a mineira Gabriela Barreto Lemos, 32, pós-doutoranda do Instituto de Óptica Quântica e Informação Quântica de Viena, na Áustria, conseguiu um feito incrível:fotografou um fenômeno do estranho “mundo da física quântica” (coloco entre aspas porque apesar de parecer estranho é o nosso mundo e não um outro).
O entrelaçamento quântico é um dos mais intrigantes fenômenos da física quântica. Uma partícula ao ser entrelaçada com outra, (normalmente isso é feito dividindo-se um fóton em dois fótons gêmeos de menor energia do que o original) adquire uma conexão surpreendente. Para explicar o porquê dessa surpresa eu precisaria escrever um post muito longo, ou fazê-lo em vários posts, ainda assim não ficaria muito claro. Isso porque a maioria das pessoas não se espantaria com o fato de que duas partículas possam estar conectadas por longas distâncias. O espanto talvez fosse:
Ué porque elas não podem estar conectadas?
Mas de que tipo de conexão estamos falando?
Vamos a uma analogia: imagine que você e um amigo possuam moedas quânticas (apenas imagine, pois moedas são grandes demais para apresentarem um comportamento como o que as partículas subatômicas apresentam). Se essas moedas fossem entrelaçadas quanticamente e vocês se separassem sem que o entrelaçamento seja desfeito, vocês perceberiam um fenômeno curioso:
Todas as vezes que vocês jogassem cara ou coroa os resultados obedeceriam as leis da estatística, fornecendo um resultado de 50% de caras e 50% de coroa, em média. Mas ao compararem posteriormente os dados vocês veriam que sempre que uma moeda deu cara a outra deu coroa. É como se as moedas “combinassem” os resultados para que uma seja o oposto da outra. E o mais incrível, segundo Einstein nenhuma informação pode ser transmitida mais rápida do que a velocidade da luz no vácuo, no entanto esse fenômeno ocorre num tempo que podemos dizer instantâneo, mesmo que as partículas estejam separadas por milhares de km. Einstein chamava esse fenômeno de “ação fantasmagórica a distância”, mas os físicos quânticos mostraram que isso não viola a Teoria da Relatividade de Einstein.
Por mais estranho que pareça, experimentos que demonstram essa propriedade das partículas vem sendo feitos a mais de 30 anos e as primeiras aplicações práticas começam a aparecer, como em computadores quânticos que se baseiam exatamente no entrelaçamento.
Nossa jovem brasileira fez algo bem interessante: Usando dois fótons gêmeos ela enviou um deles para iluminar um objeto (que continha a imagem de um gato) e o outro direcionou para uma câmera fotográfica, que registrou a imagem que o outro fóton tinha atingido.
Fazendo novamente uma analogia é como se dois irmãos gêmeos: Jacó e Cojá, estivessem separados, Jacó está em uma praia e Cojá em um quarto escuro. Por estarem entrelaçados (serem gêmeos) o que Jacó está vendo vai formando uma imagem na retina de Cojá, de tal maneira que eles “enxergam” a mesma coisa, uma espécie de telepatia.
Não é a toa que a física quântica é muito usada por pessoas místicas que distorcem um pouco, ou muito, as interpretações para defenderem que a ciência está provando o que os místicos já sabiam há tanto tempo. As minhas explicações são apenas analogias, o fenômeno em si é bem mais complexo e é ainda motivo de muita discussão entre vários cientistas.
Vejam abaixo a matéria que aborda o feito da brasileira (basta clicar no link)

cientista-mineira-revoluciona-fisica-com-fotografia-quantica

Referência Bibliográfica: NUPESC – Núcleo de pesquisa de ciência – Divulgação e orientação à pesquisa de ciências e campos afins – Disponível em:

https://nupesc.wordpress.com/2014/09/19/cientista-mineira-revoluciona-fisica-com-fotografia-quantica/ Acesso em 25 de setembro de 2014

Os dez maiores erros de cálculo da engenharia

junho 3, 2014

Os visitantes assíduos desse blog sabem que uma das minhas fontes mais utilizadas é o site Inovação tecnológica:

http://www.inovacaotecnologica.com.br/index.php

Dessa vez eles fizeram um artigo bem interessante sobre os grandes erros da engenharia, coloco aqui integralmente a matéria. Somente um detalhe para aqueles que adoram falar mau do Brasil: não estamos nessa lista.

Click no link abaixo:

http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=dez-maiores-erros-de-calculo-engenharia&id=010170140602&ebol=sim#.U44j8HJdVto

 

 

Uma centena!

janeiro 9, 2013

100

Este é o centésimo post do blog 12ªDimensão. O primeiro post de 2013 completa uma centena de artigos que começaram a ser postados há quase três anos. O blog foi inaugurado em abril de 2010 e os acessos começaram (em maio de 2010) um mês depois.  Recentemente publiquei um post agradecendo aos mais de 100.000 acessos. Mais uma vez agradeço a todos vocês que acessam o blog pelo pequeno sucesso que ele tem alcançado. Quero agradecer também aos comentários e às  criticas que tem me ajudado a tentar deixar o site mais interessante.

Fazendo uma média simples, 100 posts em 32 meses correspondem a cerca de três posts por mês. O que é pouco, se pensarmos que tem gente que escreve diariamente. Mas aqueles que acompanham assiduamente sabem que nem todos os meus posts são meras anotações de como foi o meu dia, nem tão pouco apenas indicações de leituras ou sugestões de vídeos. A maioria dos artigos tenta cumprir a função de disponibilizar uma leitura mais qualificada, com referências confiáveis e uma linguagem acessível. Pode não parecer, mas escrever cada artigo dá muito trabalho e consome bastante tempo. Mas o resultado é muito gratificante.

Meus alunos sabem que sou um defensor da divulgação científica e um crítico dos meios de informação e entretenimento. Não me canso de dizer: “Há um caderno diário de esportes e de política em qualquer jornal, impresso ou televisivo, mas não há um caderno científico diário em praticamente nenhum jornal”.

Conversando com jornalistas a respeito dessa carência de notícias científicas, já ouvi: “As pessoas não se interessam por ciência”, ou “Os próprios cientistas não gostam de divulgar o que estão fazendo ou de falar com os jornalistas”.

Sobre as pessoas não gostarem de ciência, discordo. Elas podem até se interessar mais por esportes, mas é simplesmente porque entendem melhor de esportes do que de ciência. Um maior acesso geraria maior compreensão e com isso mais procura. Não estou aqui defendendo que a ciência deva tomar o lugar do esporte, da política, ou da seção de fofocas de socialites. Acredito que há espaços para todos.

Quanto ao argumento de que os próprios cientistas não gostam ou se negam a criar matérias para os jornais, acredito que seja verdade. Eu conheço vários que tem essa opinião. Mas a solução não é tão difícil, há diversos professores que podem fazer esse papel. O professor de ciências é o mediador entre o cientista e a sociedade. É preciso dar chance e condições para que ele possa fazer esse papel (O 12ª Dimensão só existe porque a escola em que trabalho me incentivou, inclusive financeiramente, para sua criação e manutenção).

Falar sobre ciência é muito bom e me agrada bastante. Saber que isso também cumpre uma função social é ainda mais prazeroso. O Brasil avançou muito nos últimos 20 anos. Somos a sexta economia mundial, estamos começando a diminuir a enorme desigualdade social, nossa economia vem sendo invejada por quase todo mundo. Mas não podemos nos iludir.

Conversando com uma amiga descendente grega, que tinha acabado de chegar da Grécia, no auge da crise grega, perguntei como estavam as coisas por lá, ela me respondeu: “tudo certo! Crise para os europeus é bem diferente de crise para os sul americanos, ou para os africanos, não tem ninguém morrendo de fome lá. A situação econômica está feia, mas nada comparada ao que eles já viveram em tempos de guerra”.

Nosso país avança economicamente, mas ainda estamos há anos luz de distância do que é ser uma nação minimamente educada. Estamos consumindo mais, milhões estão saindo da zona da miséria, passando de excluídos a consumidores. Esse é um passo importante, não há educação possível com barriga vazia, mas sabemos o que acontece com sociedades alimentadas somente com pão e circo.

A ciência e a tecnologia tem um papel importante na educação dessa imensa massa que vem crescendo em nosso país. E esse papel pode ser bem ruim se for o de somente prover tecnologia descartável, consumo vazio. Por exemplo: desenvolver o celular de última geração ou a TV de LED 3D, “full – HD, extra plus,  9.0 ++, power”. Criar aparelhos cujos recursos são tantos que 99% deles serão usados por menos de 0,1% das pessoas, pois elas não têm a menor ideia de que esse recurso existe ou não sabem como ativar esses inúmeros recursos.

A ciência não pode se transformar em um dogma, em algo inatingível, em algo que só alguns poucos iniciados dominam. Sei que isso já está assim. Não sou inocente a ponto de achar que todos poderão saber um pouco de cada coisa. Não é isso. Não precisamos saber como todas as coisas funcionam, para isso existem os especialistas.

O contrário, no entanto, também não é desejável. Não desejamos uma sociedade totalmente irresponsável, incapaz de tomar decisões importantes. Alguns temas possuem implicações muito sérias, algumas delas podem significar nossa continuidade ou não nesse planeta. Não podemos repetir erros que já cometemos no passado, não podemos fugir a certos debates e precisamos estar preparados para esses debates. Como?  Fugindo da ignorância.

Desculpem se me exaltei e exagerei. Sei que isso é somente um blog, lido por algumas pessoas. Mas não posso deixar de acreditar que ele seja mais uma semente no meio de tantas outras, gerando plantas que darão frutos cedo ou tarde.

Décima Segunda Dimensão – Mais de 100.000 acessos

agosto 17, 2012

Obrigado!

Esse é um post para agradecer a todos vocês que entraram, e ainda entram nesse Blog ha um pouco mais de dois anos.

Até o dia de hoje foram 111.279 acessos, em noventa postagens (91 com esta). Desde abril de 2010 quando ele entrou no ar, a frequencia de acessos vem crescendo. Inicialmente com média de 72 acessos por dia, em 2010, , aumentando para 132 em 2011, chegando aos atuais 200 em 2012 (ate o momento), sendo que em agosto atingiu 346 ( e ainda estamos no meio do mês). O record foi 643 acessos ocorrido no dia 08 desse mês, alias nos dias 6, 7 e 8 os acessos foram todos acima de 500, provavelmente por causa da sonda “Curiosidade” enviada pela Nasa à Marte, muitas pessoas acabaram encontrando meu blog por causa de um post sobre viagem à Marte.

Até agora foram 561 comentários. Sendo que algumas pessoas são fieis deixando vários coments iteressantes.

Algo que me chamou a atenção foi descobrir que os acessos acontecem de várias partes do mundo, 70 países para ser exato até agora ( o registro começou a ser feito em fevereiro desse ano), vejam alguns dados abaixo.

Confesso que fiquei com medo quando o colégio me propôs a criação do Blog. Sempre quis escrever, mas será que eu conseguiria escrever semanalmente algo que fosse interessante? Será que saberia escrever corretamente? Cometeria muitos erros de português? Mais grave ainda, cometeria muitos erros de conceitos físicos?  Será que alguem vai deixar comentário?

Devo a vocês o sucesso desse blog e a alegria que me despertou poder partilhar um pouco de minhas leituras e pesquisas.

Quem sabe um dia esses post possam virar um livro?

A descoberta do bóson de Higgs ainda não comprovou a Teoria das Supercordas e suas 11 dimensões. Mas a Décima segunda dimensão já foi descoberta. Mais um vez obrigado. Fiquem a vontade para sugestões e criticas, afinal a meta agora é alcançar um milhão de acessos.

Jacó

Alguns dados sobre os acessos:

Países que tiveram o maior número de acessos,  desde fevereiro de 2012, (depois do Brasil, óbvio)

1895 – Portugal

386 – EUA

44 – Mexico e Argentina

Os 12 Posts mais visitados desde o início do blog:
home page : 79.554

5906 – viagem a marte: você teria coragem de ir? Mas é passagem só de ida!
https://12dimensao.wordpress.com/2010/10/27/viagem-a-marte-voce-teria-coragem-de-ir-mas-e-passagem-so-de-ida/

2295 – Escher – Imperdível: Exposição do grande mestre chega à São Paulo
https://12dimensao.wordpress.com/2011/04/26/escher-%e2%80%93-imperdivel-exposicao-do-grande-mestre-chega-a-sao-paulo/

1677 – Cobra, lagartos e a ostentação humana
https://12dimensao.wordpress.com/2010/08/15/cobra-lagartos-e-a-ostentacao-humana/

1372 – Jabulani. A bola da copa desvendada pela física
https://12dimensao.wordpress.com/2010/06/15/jabulani-a-bola-da-copa-desvendada-pela-fisica/

1302 – Urânio Enriquecido
https://12dimensao.wordpress.com/2010/05/19/uranio-enriquecido/

936 – A origem: cinema e tecnologia, imaginação e arte, subconsciente e geometria, efeitos especiais e inteligência
https://12dimensao.wordpress.com/2010/08/18/a-origem-cinema-e-tecnologia-imaginacao-e-arte-subconsciente-e-geometria-efeitos-especiais-e-inteligencia/

792 – Vida diferente da nossa
https://12dimensao.wordpress.com/2011/01/17/vida-diferente-da-nossa/

791 – Linguagem binária, eletrônica e física
https://12dimensao.wordpress.com/2011/03/09/linguagem-binaria-eletronica-e-fisica/

762 – Invisibilidade. Ficção e Realidade
https://12dimensao.wordpress.com/2010/07/07/invisibilidade-ficcao-e-realidade/

599 – Fim do mundo só em 2012?
https://12dimensao.wordpress.com/2011/02/26/fim-do-mundo-so-em-2012/

595 – Os cinquenta livros que mais gostei na área de ciência e tecnologia
https://12dimensao.wordpress.com/2010/06/13/os-cinquenta-livros-que-mais-gostei-na-area-de-ciencia-e-tecnologia/

590 – Cérebro eletrônico?
https://12dimensao.wordpress.com/2010/05/10/cerebro-eletronico/