Na semana passada assisti ao filme: “Inception” intitulado no Brasil: A origem e estrelado por Leonardo DiCaprio. O filme foi escrito, produzido e dirigido por Christopher Nolan, o mesmo diretor dos novos filmes do Batman: “Batman Begins” e “O cavaleiro das trevas”. Nolan também é roteirista do excelente Memento (no Brasil: Amnésia ) de 2000.
A origem pode ser classificado como um filme de ficção científica, na mesma linha de Matrix. Inclusive a temática é parecida, a grande questão: o que estamos vivendo é a realidade? Também nesse filme, assim como em matrix, os personagens podem entrar numa espécie de mundo virtual, mas nesse caso este mundo pertence ao sonho de alguém.
Em “Mullholand Drive” (No Brasil: Cidade dos sonhos) um drama de 2002 do diretor David Lynch, ficamos perplexos com a confusão que o diretor nos coloca ao transformar o filme num verdadeiro sonho. Agora Nolan nos insere no sonho de um personagem e de dentro do sonho somos enviados a outro sonho e mais outro, como se fosse uma “matrioshka”, aquelas séries de bonecas russas que ficam umas dentro das outras.
É preciso estar bem acordado para ver o filme, mas a complexidade de A Origem de Nolan não chega nem perto da de Cidade dos Sonhos de Lynch. Mesmo assim o filme vale muito a pena, por ter uma idéia inteligente, atores excelentes e imagens impressionantes. O filme ainda pode agradar aos fãs de filmes de ação pois toda a questão sobre sonhos e realidade servem como pano de fundo para um tema bem batido, o crime perfeito. Dentro disso não faltam tiros e perseguições, que a meu ver são a parte fraca do filme. Talvez por saber que os personagens estavam dentro de um sonho, fica dificil “entrar no filme” nas partes que envolvem a ação.
O que mais me agradou no filme, e que me motivou a escrever aqui no blog, é como o filme casa tão bem efeitos especiais e ficção científica. É uma pena que a maior parte dos filmes de efeitos especiais sejam sobre catastrofes, destruições do planeta, ataques de monstros ou alienígenas. A carência de roteiros inteligentes, para filmes que contenham esses efeitos, acaba levando a um preconceito de que efeitos especiais e qualidade são inversamente proporcionais. Mas Nolan já havia mostrado sua competencia em Amnésia. Um filme cujo enredo é muito simples e barato, mas que ao ser montado de tras para frente transformou-o num excelente filme. Lembro-me que ao assisti-lo no cinema pela primeria vez, fui ficando muito incomodado com a confusão inicial, mas quando o filme acabou tudo fez sentido e foi uma sensação ótima de compreensão, como se um enorme quebra cabeça tivesse sido montado em alguns segundos. Engraçado que no filme Cidade dos Sonhos de Lynch a sensação foi exatamente ao contrário, uma imagem que parecia pronta, é despedaçada a medida que o filme vai terminando e quando acaba, a sensação é que faltam peças para montar o quebra cabeça.
Mas voltando ao filme A Origem, outro detalhe que merece destaque aqui são as referencias, não citadas, ao artista gráfico M. C. Escher. Mestre da ilusão de óptica, Escher utiliza, de forma brilhante, elementos da geometria e do infinito para criar cenas impossíveis e perturbadoras, como a água que sempre desce mas que retorna ao ponto de partida ou escadas que sempre sobem. O filme explora bem isso, já que nos sonhos, nosso subconsciente pode criar cenários inusitados.
Vejam abaixo algumas obras de Escher e o video do trailer do filme.