Posts Tagged ‘criação do universo’

Nosso mundo pode ser somente um jogo?

outubro 24, 2012

Recebi esse link de um aluno Raphael Vieira (Valeu Raphinha), ainda não li a fonte original do trabalho mas resolvi indicar a matéria desse blog pois gostei dele. É uma discussão muito interessante: O que é a realidade? Somos apenas personagens de alguem que está em um jogo muito avançado? Vivemos em um matrix?

O que vocês acham?

copie o link abaixo e cole no seu navegador:

http://literatortura.com/2012/10/23/fisicos-encontram-evidencias-de-que-realidade-pode-ser-uma-mera-simulacao-virtual/

 

Leia mais em

http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=cientistas-querem-testar-se-vivemos-matrix&id=010130121106&ebol=sim

 

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Partícula de Deus, ciência do homem

julho 11, 2012

04 de julho de 2012. Essa data ficará na memória de mais de 30 milhões de pessoas. Mas não é por causa da comprovação da existência do Bóson de Higgs, e sim porque o Corinthians ganhou o título da Libertadores da América vencendo o Boca Juniors da argentina.

O CERN, Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (em Frances: Organisation Européenne pour la Recherche Nucléaire) já tinha anunciado para esse dia uma coletiva de imprensa para anunciar a possível descoberta da tão esperada partícula: O bóson de Higgs, apelidada de partícula de Deus.

Em dezembro do ano passado fiz um post sobre essa partícula tentando explicar o que é um bóson, porque esse em especial é tão importante e porque ele tem esse apelido, vejam em:

https://12dimensao.wordpress.com/2011/12/20/boson-de-higgs-a-busca-pela-particula-de-deus/

O anúncio dessa quarta feira não me surpreendeu, na verdade seria uma surpresa se eles anunciassem a não detecção de uma partícula. Deixe-me ser mais claro (espero não ser repetitivo em relação ao post passado):

Em 1964 Peter Higgs publicou um trabalho prevendo a existência de uma partícula que seria a responsável por um campo de energia, que hoje é conhecido como campo de Higgs. O conceito de campo é explicado no ensino médio, geralmente apresentado como campo elétrico E = F/q, força elétrica dividida pela quantidade de carga elétrica. Visto dessa maneira o aluno pensa no campo como mais uma fórmula a ser decorada. Mas o conceito de campo é muito mais do que isso, e é extremamente difícil de ser entendido e de ser explicado, talvez por isso os professores não insistam em “perder” tempo tentando ensiná-lo. Na faculdade tive um professor que afirmava ser o campo somente um “artifício matemático” sem existência física real. Qual não foi minha surpresa ao ler o livro “A evolução da física” de Albert Einstein e descobrir um capítulo intitulado “Os campos são reais”.

A física é muito mais do que um apanhado de fórmulas, consiste em modelos teóricos que tentam explicar o mundo em que vivemos. Dessa forma gastar tempo para explicar o conceito de campo é mais que uma opção, deveria ser uma obrigação.

A ideia de campo surge do brilhante físico experimental Michael Faraday e foi desenvolvida matematicamente pelo genial físico James Clerk Maxwell. Maxwell associou a cada tipo de força um tipo específico de campo, além de juntar o campo elétrico e o magnético em um tipo único de campo, o campo eletromagnético.

Einstein substituiu o conceito de força desenvolvido por Isaac Newton, pelo conceito de campo. Enquanto força é uma interação entre dois corpos o campo é a interação de um único corpo com o espaço a sua volta. Por exemplo, para Newton o Sol atrai a Terra através da força gravitacional, o giro da Terra em torno do Sol impede que ela caia no Sol, assim como uma pedra presa por um barbante e girada sobre nossas cabeças. Newton não soube como explicar a ação à distância. O que faz com que a Terra seja atraída para o Sol? Newton afirma não saber o porquê da força, “apenas” explicou o como essa força atuava (ela depende das massas dos dois corpos e da distância entre eles).

Para Einstein o Sol não exerce uma ação direta na Terra. Sua massa provoca um campo, uma espécie de deformação do espaço. A Terra “sente” essa deformação e por isso sua trajetória não é uma linha reta, como prevê a lei da inércia, mas uma trajetória curva. A Terra interage com o campo gravitacional criado pelo Sol, assim como um prego interage com o campo magnético de um imã.

A visão de Newton e a visão de Einstein são duas formas diferentes de explicar a mesma coisa. Mas o modelo de Einstein se mostrou mais completo, pois explica coisas que o de Newton não conseguia explicar.

Voltemos finalmente a falar sobre o campo de Higgs: Higgs propôs a existência de outro tipo de campo. Esse campo seria o responsável pela existência da massa das coisas. Uma bola de futebol de 400 g interage menos com o espaço do que uma bola de boliche de 5 kg. Segundo Higgs isso acontece porque a bola de futebol é menos susceptível ao campo de Higgs do que a bola de boliche. Fazendo uma analogia grosseira é como se a bola de futebol fosse um peixe atravessando um rio e a bola de boliche uma pessoa correndo dentro do rio. Há menos resistência entre o campo de Higgs e a bola de futebol do que entre a bola de boliche e o mesmo campo. A massa dos corpos aparece como se fosse essa resistência.

Peter Higgs

O modelo padrão da física de partículas associa cada campo a uma determinada partícula, no caso dos imãs a partícula é o fóton, no caso do campo de Higgs é o bóson de Higgs. Um elétron interage pouco com o bóson de Higgs, já o próton interage milhares de vezes mais, por isso a massa do próton é milhares de vezes maior do que a massa do elétron.  Existem partículas que não interagem com o campo de Higgs, é o caso do fóton, por isso essa partícula não possui massa.

Várias partículas foram previstas teoricamente e somente depois de muito tempo foram descobertas em laboratório. O nêutron, o méson pi, o neutrino, os quarks, agora é a vez do bóson de Higgs. Previsto em 1964, sua busca demorou mais de 40 anos e cerca de dez bilhões de dólares. Quanto maior o nível de energia envolvido em uma partícula mais energia é necessária para detectá-la, por isso não era possível a detecção do bóson de Higgs antes da “reforma” do LHC.

O investimento foi enorme e um resultado negativo traria dúvidas sobre novos investimentos. A ciência muitas vezes é cara, e quando é esse o caso, esperam-se resultados positivos.

Por isso não me surpreendi com a coletiva de imprensa dessa quarta feira. Se os dados não mostrassem a detecção de uma partícula pelo menos parecida com o que se espera do bóson de Higgs, provavelmente a coletiva não seria anunciada.

Se essa partícula descoberta for mesmo o bóson de Higgs (foi anunciada com grande grau de certeza a descoberta de uma nova partícula, ainda não está confirmado de que seja o bóson de Higgs) trata-se de uma grande descoberta científica e de mais uma confirmação do modelo padrão da física de partículas.

A mídia tenta passar como a maior conquista científica do século XXI, mas não consegue. A ciência está muito distante da vida das pessoas.  Quantos entendem o que é um bóson, ou mesmo uma partícula subatômica? Quantos sabem o que é o LHC ou acelerador de partículas? Há mais de 100 anos Einstein publicou sua Teoria da Relatividade Restrita, e a Teoria da Relatividade Geral vai completar 100 anos em 2015, quantas pessoas sabem do que elas falam? A Teoria da Evolução de Darwin é ainda pior, pois muitos acham que entenderam, mas acreditam que seleção natural seja a lei do mais forte.  E as ideias de Freud?

Não é só com a ciência que acontece isso, o grande público acompanha a arte moderna? Ouve música erudita contemporânea? Entende os conceitos da economia?

A sociedade paga a conta mas não sabe onde ele está sendo aplicado. Financiamos especialistas mas não temos muito acesso ao que está sendo feito.

Isso está parecendo uma critica mas na verdade é mais uma constatação. A especialização acabou acontecendo em praticamente todas as áreas e a escola ficou sozinha com a função de explicar tudo.

Os meios de comunicação poderiam ter um papel importante na tentativa de ajudar a diminuir essa distância mas não o fazem. Chamadas insignificantes são feitas na TV e no rádio mas a matéria é muito superficial e incapaz de explicar um conceito, apenas informam o ocorrido. A internet é uma ilusão, pois só quem tem algum conhecimento prévio sabe onde procurar, o Google não é um professor como muitos acreditam. Agora virou um critica.

Palestra sobre modelos científicos para os nonos anos

abril 17, 2010

Nos dias 4 e 5 de março entrei nas salas dos nonos anos para uma palestra sobre o modelo científico de criação do universo mais conhecido como Big Bang.

Essa palestra já vem sendo ministrada por mim há vários anos e foi um pedido da ex professora de ciências Magda para que as oitavas séries tivessem uma visão científica de como a física tenta explicar a criação do universo. O atual professor de Ciências, Murilo, deu continuidade ao projeto e mais uma vez a palestra aconteceu no início do ano.

A idéia não era apenas falar sobre o Big Bang, e sim sobre como a nossa visão de mundo veio mudando ao longo da história, desde os gregos antigos até hoje, passando pela visão geocêntrica e heliocêntrica.

Claro que falar sobre Aristóteles, Ptolomeu, Copérnico, Galileu, Kepler, Newton, Kant, Laplace, Einstein e Gamow em menos de uma hora é uma tarefa quase que impossível, trata-se, portanto de uma noção bem geral de como os modelos foram concebidos,  de qual a diferença entre um mito, um modelo filosófico e um modelo científico.

A participação dos alunos sempre foi muito boa, mas neste ano em especial foi surpreendente. Nas duas salas não foi possível terminar a palestra dado a imensa quantidade de perguntas. As questões versavam sobre os mais variados temas e tinham ligação com o que estava sendo exposto. Claro que lidar com a ansiedade de alunos de 14 anos não é fácil, mas uma classe assim é o que todo professor deseja, era nítido o interesse deles pelo assunto. Perguntas como: “ Mas o universo está se expandindo pra onde?” “O que tem depois do universo?” “O que tem no centro da galáxia?” foram algumas das perguntas que mais instigaram os alunos. A falta de uma certeza para as respostas, deixava-os ainda mais intrigados (e tenho que  confessar, deixava-os também decepcionados). Mesmo quando uma resposta era dada o prazer durava pouco, pois outras dúvidas surgiam junto com a resposta, deixando claro que a ciência não é um compartimento onde se vai buscar uma resposta pronta. Trata-se de uma construção cheia de percalços e tropeços.

Os slides da palestra estão disponíveis aqui:     big bang  

Espero que assim um canal para mais perguntas e sugestões esteja  aberto.