
O Exterminador do Futuro
Não sou adepto do sensacionalismo como o título pode indicar, mas achei a questão curiosa e um debate interessante, além de antigo.
Nos meus posts passados sobre Inteligência Artificial: Cérebro eletrônico I, II, III e IV:
https://12dimensao.wordpress.com/2010/05/10/cerebro-eletronico/
https://12dimensao.wordpress.com/2010/07/15/cerebro-eletronico-parte-ii/
procurei discutir alguns avanços da IA (Inteligência Artificial) e pretendia falar um pouco ainda sobre implantes cerebrais, os ciborgues. Mas a quantidade de matéria que saiu sobre os drones equipados com armas e já vendidos no mercado internacional, além de uma reunião marcada na ONU para discutir a questão1, não poderiam passar despercebidas.
Primeiramente vamos ao básico, o que é um drone ou como estão chamando no Brasil: VANT (Veículo Aéreo Não Tripulado). É exatamente o que diz seu nome, um avião robô, controlado a distância por um ser humano, mas que pode, em alguns casos, “tomar certas decisões” autônomas, como nos mostra o site Inovação Tecnológica do dia: 19/06 de 2014, em que um drone desenvolvido por uma empresa com base na Africa do Sul foi lançado no mercado prometendo atuar em manifestações sem colocar a vida dos “seguranças” em perigo:
“O site da Desert Wolf afirma que o drone octacóptero Skunk tem quatro dispositivos do tipo usado em armas de paintball, cada um com capacidade para disparar até 20 balas por segundo.
Além da munição com spray de pimenta, a companhia afirma que o drone também pode ser carregado com balas de plástico e projéteis com tinta.
A máquina pode levar até 4 mil balas de uma vez e também um tipo de laser que emite luz cegante, além de um alto-falante que pode transmitir alertas para a multidão”.2
É uma arma de guerra, que apesar de não usar arma letal, machuca e tortura. Seu disparo pode ser feito por alguém que está a milhares de quilômetros de distância. É como se ele estivesse jogando um vídeo game e seres humanos e seus sofrimentos serão transmitidos por uma tela.
Claro que não sou ingênuo de achar que se estivessem presencialmente, os soldados hesitariam em atirar, mas que deve ser muito mais fácil, nesse caso, deve. Segue abaixo a imagem desse drone:
O mesmo site da Inovação Tecnológica do dia 20/06/2014 afirma que aRussia já equipou suas bases de misseis com robôs armados que podem autonomamente atirar em qualquer invasor (ou alguém sem muito senso do perigo).
“De acordo com uma pesquisa da ONU, civis foram mortos em 33 ataques com drones ao redor do mundo. No Paquistão, de 2.200 a 3.300 pessoas foram mortas por ataques de drones norte-americanos desde 2004, 400 das quais eram civis. De acordo com os últimos dados do Ministério da Defesa do Paquistão, 67 civis foram mortos em ataques de drones no país desde 2008”1.
O relatório dessa reunião da ONU, que ocorreu em Genebra, sai apenas em novembro, mas a preocupação apresentada pela ficção científica em várias histórias sobre a rebelião das máquinas, começa a ser levada a sério.
Por enquanto ainda somos nós que programamos as máquinas e são seres humanos que controlam os drones, mas cada vez mais a criação de uma inteligência artificial está se tornando real. Computadores já tomam decisão em várias atividades que antes eram desempenhadas por seres humanos, como o controle de aviões e sinalizadores de trânsito.
Não acredito em uma rebelião das máquinas. Sentimentos de ódio, ganância e poder são sentimentos humanos e temos uma forte tendência em transmitir a outros seres esses sentimentos. Mas não podemos nos esquivar dessa discussão, até mesmo por questões jurídicas. O que vai acontecer quando um robô tirar a vida de um ser humano de forma não acidental? Essa é uma questão ética que deve ser levantada e, segundo alguns especialistas, já estamos atrasados, o debate já devia ter começado a algum tempo.
Isaac Asimov, grande escritor de ficção cientifica, ligado principalmente nessa questão, apontou isso há muito tempo e chegou até mesmo a criar as famosas três leis da robótica, que deveriam ser implantadas no “cérebro!” dos robôs para garantir nossa proteção.
Felizmente ou infelizmente eu ainda tenho muito mais medo de outros seres humanos do que de máquinas. E não estou falando somente de criminosos ou psicopatas. Lendo, hoje mesmo, sobre o conflito entre a faixa de Gaza e Israel, ou entre os Russos e a Ucrânia, ou lembrando-me de filmes como “o Jardineiro Fiel” (para citar apenas um), creio que precisaremos, antes de qualquer coisa, aprender um jeito de impedir que um ser humano faça mal a outro ser humano. Isso parece estar tão longe, mas tão longe, que talvez tenhamos que aprender com outra inteligência como fazer isso.
Será que não poderá acontecer o contrário? As máquinas nos ensinarão como conviver em paz?
Referências Bibliográficas:
1 – Por que a sociedade não se posiciona contra os robôs assassinos? Redação do Site Inovação Tecnológica – 20/06/2014 – Disponível em
http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=sociedade-posiciona-contra-robos-assassinos&id=010180140620#.U8SDV5RdV5I = acesso: 14/07/2014
2 – Polêmico drone que dispara em multidões chega ao mercado – Com informações da BBC – 19/06/2014 – Disponível em:
http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=polemico-drone-dispara-multidoes-chega-mercado&id=020175140619 – Acesso em 14/07/2014